segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A escola é um espaço grande, sempre.

A escola é um espaço grande, sempre, onde muitas pessoas circulam e muitas vidas se cruzam. Brancos, pretos, amarelos, uniformes, diplomas, livros didáticos, tarefas, apresentações, festas, colegas, funcionários, mestres... Ao longo da minha vida escolar passei por quatro instituições de ensino: primário, ginásio e colegial, curso técnico e hoje a tão sonhada faculdade.
Buscando nas lembranças, fecho os olhos e vejo um filme se passando. O primeiro livro que li - não me lembro agora o título - mas havia o desenho de um sapo no rio, vou tentar procurar algo parecido na Internet, quem sabe não encontro. O primeiro bilhetinho de amor na quarta série, levei um dia inteiro para escrever e ainda tive que chegar meia hora antes do horário para deixar debaixo da carteira dele. Tantos momentos inesquecíveis, tantas pessoas incomparáveis, nem tudo foi mil maravilhas, porém por mais que busque em minhas recordações não consigo trazer nenhum momento que tenha sido tão ruim.
Não me recordo o nome de todos os meus mestres, mas muitos eu não teria como esquecer. A professora Irene da segunda série que me presentiou no final do ano letivo com o livro Pequeno Príncipe, pois fui naquele ano a melhor aluna da sala. A tia Irene sempre tão doce e delicada, costumava falar no diminutivo e como era bom ouví-la, tornou-se diretora e passou a dividir seu carinho com todos da escola primária. Tinha também a tia Alice da terceira série, às vezes um pouco brava, mas sem perder a calma, sempre falava em tom muito baixo e me vestiu de margarida para o teatro do final do ano.

"Obrigada", toda fez que uso essa palavra remeto-me a muitos anos atrás no ginásio, quando a professora Ana Maria de língua portuguesa me ensinou que nós meninas deveríamos sempre dizer "obrigada"; ensinou também a como utilizar os "porquês" da vida, separado, junto, com ou sem assento. Na verdade ela me ensinou muito mais que isso, me ensinou não só as regras da língua formal, mas como tratar bem as pessoas, aprendi a conviver.
Números, 1,2,3,4... Professor Tadeu introduzindo a equação no ginásio, mas quem acendeu minha paixão pela lógica na vida foi o professor Enéias de física, extremamente inteligente, com ele me apropriava do conhecimento, questionava, investigava, um ir e vir constante e até hoje os números me fascinam. Enéias foi tão bom professor e teve um destino tão triste, suicidou-se aos quarenta anos, deixando esposa, filhos e alunos desconsolados. Mas essa é outra história.

Bom humor, piadas, caras e bocas, professor Fernando de eletrônica no curso técnico em informática, se tivesse que definí-lo em uma só palavra seria "felicidade", ensinava brincando, com ele aprendi com alegria a ser mais autônoma com meu próprio aprendizado, aprendi a aprender.

Seria difícil escolher um único mestre, como seria difícil escolher um único "melhor amigo", pois temos melhores amigos durante toda a vida, desde "o amigo imaginário" na infância até o de carteado na melhor idade. O mesmo acontece com os mestres, hoje com a maturidade aprendi a encontrar mestres o tempo todo e em todos os lugares. Escritores, políticos, religiosos, familiares, mendingos... Todos de certa forma são mestres em algum assunto.

Tenho meus mestres dos livros, da rua, do trabalho, pessoas que admiro e com quem constantemente aprendo a ser. Entre eles está a "tia Elzinha" minha tutora, com ela tenho aprendido a ser mais flexível e mais organizadal, estou aprendendo a fazer, não só fazer, e sim, a fazer o melhor que eu posso.

A educação a distância exige autonômia, organização e dedicação de todos que por essa metodogia circulam. Os mestres da faculdade de pedagogia, todos bem formados, doutores e com muito a dizer, mas mais que respostas eles sempre me trazem perguntas, Filosofia: Quem somos nós?, Psicologia: Como a criança aprende?, História: como começou a educação?, tantas perguntas e tantas respostas diferentes, penso que esse é o segredo de uma boa formação.

E assim, as pessoas continuam circulando, passam e às vezes repassam por minha vida. Posso até não me lembrar de todos, mas de alguma coisa ei de sempre lembrar.

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